Em todo o mundo, crianças e adolescentes estão em perigo. É o que diz o professor de psicologia da Universidade de Nova York, Jonathan Haidt, em seu livro A geração ansiosa. O estudo começou a ser feito há décadas e avaliou o colapso na saúde mental de jovens – crianças e adolescentes –, principalmente após a criação e popularização dos smartphones.
No início da década de 2010, as crianças já tinham telefones, mas apenas para fazer ligações, o que ainda permitia que elas se socializassem, brincassem mais e se divertissem. A partir de 2015, com o advento dos smartphones, as crianças acabaram criando um mundo à parte na internet, com efeitos na vida social e no desenvolvimento cognitivo.
Dentro de toda essa discussão, o professor Haidt também lista erros cometidos pelos adultos. “Em primeiro lugar, mantivemos nossos filhos superprotegidos na vida real. Ao mesmo tempo, na vida online, os jovens ficaram totalmente desprotegidos. Os pedófilos, por exemplo, migraram para as redes sociais e conseguem entrar em contato com as crianças sem que os pais desconfiem”, enumera. Além disso, segundo o psicólogo, quando o filho é pequeno e os pais querem um pouco de sossego, acabam dando à criança um telefone ou um tablet. “Agora, vemos as consequências disso. Uma geração que está muito mais ansiosa e deprimida. Com mais casos de automutilação e suicídios”, afirma o autor.
Haidt afirma que celular demais também atrapalha o desenvolvimento cognitivo. O psicólogo tem relatos de jovens que mesmo quando percebem que estão ansiosos por causa das redes, não conseguem sair desse círculo vicioso. Perdas cognitivas, isolamento social, adoecimento mental… Vivemos uma epidemia de transtornos mentais? Serão estas algumas das consequências de uma infância e adolescência hiperconectadas? Essa preocupação foi o que levou a direção da Escola Interamérica a realizar discussões sobre o tema com professores, estudantes e as famílias. Nesta quinta-feira, 20, a instituição vai realizar um webinar com o pediatra e sanitarista Daniel Becker*, referência no assunto, que estará ao vivo, e com a mediação da médica infectologista Cristiana Toscano e da psicóloga Thaís de Lucena. A discussão on-line pela plataforma Zoom, foi preparada pelo Centro de Estudos e Pesquisa, o CentroEPI, começa às 19h30 e vai discutir as quatro reformas necessárias que devem ser implementadas para uma infância e adolescência mais saudáveis na era digital. A discussão é aberta também à comunidade.
“Vamos discutir a obra do professor Haidt, trazendo nossa realidade à discussão, além da crescente epidemia de transtornos mentais causados pelo uso excessivo de smartphones”, explica Flaviane Montes, gestora do CentroEPI. A necessidade de discutir esse tema surge do fato de que, quando crianças e adolescentes começaram a ter acesso a smartphones e redes sociais, não havia pesquisas suficientes sobre seus impactos. Agora, com as pesquisas disponíveis, as evidências são preocupantes.