Uma inovação tecnológica está transformando a vida de pessoas com esclerose lateral amiotrófica (ELA), uma doença neurodegenerativa que afeta as células nervosas responsáveis pelo controle dos movimentos. Conhecida também como doença de Lou Gehrig, a ELA leva à perda gradual da capacidade de andar, usar as mãos e, em muitos casos, falar.
Pesquisadores da UC Davis Health, nos Estados Unidos, desenvolveram uma interface cérebro-computador (ICC) que traduz sinais cerebrais em fala com até 97% de precisão. Este sistema inovador foi testado em um paciente com ELA, Casey Harrell, que tinha dificuldades severas de comunicação devido à doença.
O dispositivo foi implantado em Harrell em junho de 2023. Quatro conjuntos de 256 microeletrodos foram colocados no giro pré-central esquerdo do cérebro, uma área crucial para a coordenação da fala. Durante a primeira sessão de treinamento, o sistema alcançou 99,6% de precisão na tradução de um vocabulário de 50 palavras em apenas 30 minutos.
A tecnologia permite que pessoas com paralisia ou condições neurológicas severas, como a ELA, se comuniquem de forma eficaz. Quando o usuário tenta falar, o sistema interpreta os sinais cerebrais e os converte em texto, que é então “falado” por um computador.
O neurocirurgião David Brandman, da UC Davis, destacou a importância do avanço, afirmando que a tecnologia ajudou Harrell a se comunicar novamente com amigos, familiares e cuidadores. No entanto, ele ressalta que ainda há necessidade de aprimorar a interface e expandir os testes para mais pacientes.
Este desenvolvimento representa um avanço significativo na restauração da comunicação para pessoas que perderam a capacidade de falar. A pesquisa foi publicada no renomado New England Journal of Medicine, destacando a precisão e eficácia do sistema.
A inovação não apenas melhora a qualidade de vida dos pacientes, mas também abre novas possibilidades para o uso de tecnologias semelhantes em outras condições neurológicas. A equipe de pesquisa continua a trabalhar para refinar a tecnologia e torná-la acessível a um número maior de pessoas.
Com o progresso contínuo, a esperança é que mais pacientes com ELA e outras condições debilitantes possam recuperar a capacidade de se comunicar, melhorando significativamente sua interação social e qualidade de vida.