Brasil aposta na agricultura como forma de reparar dívida histórica com a África

Nikolai Vasiliev

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou durante o 2º Diálogo Brasil-África que a dívida histórica do Brasil com o continente africano pode ser paga por meio da solidariedade e do compartilhamento de tecnologia agrícola. No evento realizado em Brasília, Lula destacou que o Brasil tem condições de contribuir de forma significativa com o desenvolvimento da agricultura africana, transferindo conhecimento e técnicas sustentáveis que já são utilizadas no território nacional para combater a fome e a pobreza.

Durante o discurso, Lula afirmou que os séculos de exploração da África por parte do Brasil não podem ser compensados financeiramente, mas sim por meio de ações práticas e cooperativas. Para ele, a agricultura é uma das chaves para transformar a realidade de muitos países africanos. A aposta do Brasil na agricultura como reparação de uma dívida histórica com a África reflete também a política de reconstrução das relações diplomáticas e comerciais com o continente, algo que marcou os mandatos anteriores de Lula.

A agricultura brasileira se tornou referência mundial, especialmente em tecnologias adaptadas ao clima tropical. O governo pretende utilizar essa experiência para apoiar países africanos que enfrentam desafios semelhantes em termos de solo, clima e recursos hídricos. O Brasil aposta na agricultura como meio de fortalecer laços e também como instrumento de diplomacia, em um esforço para promover segurança alimentar e desenvolvimento sustentável no continente africano.

O evento, que reúne representantes de mais de 40 nações africanas, além de organizações internacionais e instituições de pesquisa, propõe uma ampla troca de experiências. A programação inclui visitas técnicas a projetos no entorno de Brasília e no Vale do São Francisco, onde serão apresentados exemplos práticos de como o Brasil aposta na agricultura para enfrentar a escassez hídrica e melhorar a produção de alimentos com baixo impacto ambiental.

Lula também ressaltou que a fome não é um fenômeno natural, mas sim um reflexo da má gestão e da falta de prioridade de alguns governos. Segundo ele, é preciso parar com discursos grandiosos e começar a implementar ações concretas. Ao declarar que o Brasil aposta na agricultura como ferramenta de transformação, o presidente reafirma seu compromisso com o combate à fome não só em nível nacional, mas em escala global, especialmente entre países do Sul Global.

Outro destaque do encontro foi a discussão sobre a Aliança Global contra a Fome e a Pobreza, proposta pelo Brasil durante a presidência do G20. A iniciativa tem como objetivo mobilizar países e organizações internacionais para que atuem de forma conjunta na erradicação da fome. Lula defende que o Brasil aposta na agricultura familiar e em tecnologias sociais como alicerces para essa aliança, uma estratégia que pode ser replicada em territórios africanos com o devido apoio técnico e financeiro.

O intercâmbio entre Brasil e África também abre portas para novos investimentos bilaterais no setor agropecuário. A proposta do governo brasileiro é incentivar parcerias comerciais e científicas, ao mesmo tempo que promove a soberania alimentar nos países parceiros. Com isso, o Brasil aposta na agricultura não apenas como uma política interna, mas como um vetor de influência internacional pautado na solidariedade e na cooperação multilateral.

A escolha do tema do 2º Diálogo Brasil-África reforça o papel estratégico da agricultura no século XXI. Em um mundo cada vez mais impactado pelas mudanças climáticas e pela desigualdade no acesso aos alimentos, o Brasil aposta na agricultura como resposta política, econômica e moral a desafios antigos e urgentes. Ao unir sua expertise agrícola a um discurso de reparação histórica, o país busca não só corrigir erros do passado, mas também liderar soluções para o futuro.

Autor: Nikolai Vasiliev

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