A inteligência artificial (IA) está rapidamente se consolidando como um recurso indispensável para os consumidores modernos, remodelando a forma como interagimos com o varejo. Um estudo recente da Adyen, o Relatório do Varejo 2025, revela que mais da metade, precisamente 52%, dos consumidores brasileiros utilizou o ChatGPT ou outros assistentes de IA para auxiliar em suas compras nos últimos 12 meses. Essa estatística sublinha a crescente integração da inteligência artificial no cotidiano de compra e a sua influência na tomada de decisões do consumidor, demonstrando que a IA já é uma realidade para o bolso dos consumidores.
O estudo global da Adyen, que abrangeu mais de 41 mil consumidores e 14 mil varejistas em 28 países, incluindo 2 mil consumidores e 500 empresas no Brasil, oferece uma visão abrangente sobre a adoção da inteligência artificial. O relatório destaca que, entre os consumidores que utilizam IA para compras, 18% recorreram a essa tecnologia pela primeira vez no último ano. Esse dado reforça o ritmo acelerado de adoção da inteligência artificial e sugere que a tendência de usar IA para otimizar as compras está em plena expansão, com um grande potencial de crescimento da inteligência artificial no consumo.
A pesquisa também revelou quais produtos são mais procurados com o auxílio da inteligência artificial. Roupas, refeições e outros itens de consumo representam 74% das buscas realizadas com IA. Essa preferência indica que a inteligência artificial é particularmente útil para categorias de produtos que exigem personalização ou que envolvem decisões diárias. Além disso, 72% dos consumidores gostariam de descobrir novas marcas e experiências de compra por meio da inteligência artificial, e impressionantes 70% estariam dispostos a fazer aquisições via IA no futuro, consolidando o papel da inteligência artificial no varejo.
Apesar do avanço da inteligência artificial no ambiente digital, as lojas físicas continuam a ter um papel relevante. O estudo mostra que 24% dos entrevistados ainda preferem comprar em lojas físicas, em contraste com os 39% que optam por compras online. Os motivos para a escolha das lojas físicas incluem o desejo de ver e tocar o produto antes da compra (45%), a possibilidade de experimentar os itens (40%) e a conveniência de sair com o produto em mãos (33%). Mesmo com a ascensão da inteligência artificial, a experiência tátil e imediata da loja física ainda é valorizada.
Contudo, as compras online no Brasil representam uma parcela significativa do consumo atual. Uma pesquisa realizada pela Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL) e pelo Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil), em parceria com a Offer Wise Pesquisas, aponta que 91% dos internautas brasileiros realizaram alguma compra pela internet nos últimos 12 meses, um crescimento de 5 pontos percentuais em comparação com 2019. Essa alta nas compras online se beneficia da inteligência artificial, que otimiza a jornada do consumidor, tornando o processo de compra mais eficiente e personalizado, independentemente do canal.
O uso da inteligência artificial como auxílio em compras é especialmente protagonista entre a Geração Z (nascidos entre 1997 e 2012) e os Millennials (nascidos entre 1981 e 1996), representando 60% e 62% dos consumidores, respectivamente. Esses valores demonstram um crescimento de quase 50% na utilização de IA em compras por essas gerações nos últimos 12 meses. Curiosamente, os Baby Boomers (nascidos entre 1946 e 1964) são a geração que mais cresceu em adoção da IA para compras, com um salto de 135%, embora ainda representem apenas 26% dos usuários de IA nesse contexto. A Geração X (nascidos entre 1965 a 1980) também teve um aumento expressivo de 66%, com adesão de 46%.
Renato Migliacci, Vice Presidente de Vendas da Adyen Brasil, comenta que os consumidores estão adotando a inteligência artificial em um ritmo sem precedentes, à medida que descobrem como essa tecnologia está “transformando a experiência de compra”. Ele prevê que “é provável que estejamos entrando em uma era em que a IA pode atuar como nosso próprio estilista pessoal, selecionando roupas sob medida para gostos e preferências individuais”. Essa visão aponta para um futuro onde a inteligência artificial será ainda mais integrada e personalizada na vida do consumidor.
Entre os varejistas, a inteligência artificial também ganhou força no último ano, consolidando-se como uma prioridade de investimento. Quase metade (48%) dos entrevistados brasileiros afirmou que investiria na tecnologia para apoiar suas atividades de vendas e marketing, enquanto 42% planejam usar a inteligência artificial para inovação de produtos. Esse engajamento dos varejistas com a inteligência artificial reforça a percepção de que a IA não é apenas uma ferramenta para o consumidor, mas também um motor de crescimento e competitividade para as empresas no cenário atual do comércio.
Autor: Nikolai Vasiliev