BRICS defende inteligência artificial com código aberto e foco em soberania tecnológica

Nikolai Vasiliev

Os países do bloco BRICS reafirmaram nesta terça-feira seu compromisso com o desenvolvimento da inteligência artificial com código aberto, defendendo uma abordagem transparente, ética e inclusiva. Durante uma declaração conjunta, os membros destacaram que a inteligência artificial com código aberto representa um caminho estratégico para promover autonomia tecnológica, reduzir dependência de grandes potências e estimular a inovação global em países em desenvolvimento. A posição do grupo reforça um movimento crescente por mais democratização no acesso às tecnologias emergentes.

A defesa da inteligência artificial com código aberto se baseia na compreensão de que a tecnologia não deve ser monopolizada por algumas corporações ou governos, mas sim compartilhada como um bem coletivo que favoreça a cooperação internacional. Os líderes do BRICS enfatizaram que a inteligência artificial com código aberto pode garantir maior segurança, transparência nos algoritmos e participação ativa das comunidades acadêmicas, científicas e sociais no seu desenvolvimento. Isso também permitiria adaptações específicas para as realidades locais de cada país, ampliando os benefícios sociais da tecnologia.

Outro ponto importante levantado na declaração foi a necessidade de regulação internacional clara para o uso da inteligência artificial com código aberto. Segundo os representantes do BRICS, é preciso garantir que a tecnologia seja utilizada de forma ética, evitando riscos como discriminação algorítmica, vigilância abusiva e manipulação de dados. Para isso, o bloco sugeriu a criação de fóruns multilaterais de debate e fiscalização, com a participação de Estados, organizações da sociedade civil e empresas comprometidas com os princípios da governança digital.

A inteligência artificial com código aberto também foi destacada como uma oportunidade para o fortalecimento econômico dos países do BRICS. Segundo os líderes, a adoção de tecnologias abertas poderá impulsionar setores estratégicos como agricultura, saúde, infraestrutura e educação, permitindo que startups e centros de pesquisa desenvolvam soluções com mais autonomia. A utilização de inteligência artificial com código aberto, nesse sentido, é vista como uma ferramenta de inclusão digital, produtividade e sustentabilidade para as economias emergentes.

Na prática, o incentivo à inteligência artificial com código aberto também contribui para reduzir desigualdades tecnológicas entre países do Norte e do Sul global. O BRICS aponta que, sem acesso a plataformas abertas, nações menos industrializadas correm o risco de ficar para trás na nova revolução digital. Por isso, os membros do bloco se comprometeram a investir em programas conjuntos de pesquisa, intercâmbio de conhecimento e capacitação de profissionais em inteligência artificial com código aberto.

A declaração dos BRICS também destaca o papel central da soberania de dados nesse processo. Para o grupo, o uso da inteligência artificial com código aberto deve respeitar a privacidade dos cidadãos e garantir que os dados gerados dentro de cada país permaneçam sob controle nacional. Essa visão contrasta com práticas de empresas multinacionais que, muitas vezes, extraem dados sensíveis sem garantir contrapartidas sociais ou proteção adequada aos usuários.

O Brasil, como integrante do BRICS, assumiu posição de liderança na formulação dessas diretrizes, defendendo a criação de redes internacionais de universidades e centros de excelência dedicados ao estudo da inteligência artificial com código aberto. O governo brasileiro destacou ainda a importância de incluir o tema na agenda da educação básica e técnica, de modo a preparar novas gerações para lidar com os desafios e potencialidades desse campo emergente.

Com esse posicionamento, o BRICS reforça seu papel como ator relevante no cenário tecnológico internacional. Ao defender a inteligência artificial com código aberto, o bloco sinaliza uma visão de futuro que une inovação, soberania, ética e cooperação. A expectativa é de que outros países e organizações multilaterais passem a considerar mais seriamente essa abordagem, contribuindo para um ecossistema digital global mais justo, acessível e equilibrado.

Autor: Nikolai Vasiliev

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